Trusts em 2026: Ainda Vale a Pena no Planejamento Sucessório Internacional?

Trusts em 2026: Ainda Vale a Pena no Planejamento Sucessório Internacional?

dezembro 19, 2025 0 Por Eduardo Esquivel Rios

Vou começar esse papo com uma confissão: quando ouvi falar de trust pela primeira vez, achei que era coisa de filme americano. Sabe aquele negócio de “fundo fiduciário” que aparece nas séries, onde o herdeiro patricinha vive de mesada milionária? Pois é. Mas a realidade dos trusts vai muito além dessa caricatura hollywoodiana, e em 2026, essa ferramenta continua sendo uma das mais poderosas (e às vezes controversas) do planejamento sucessório internacional.

A questão é: com tanta mudança nas legislações ao redor do mundo, com a Receita Federal de olho em tudo e todo mundo falando de transparência fiscal, ainda faz sentido estruturar um trust? Vamos conversar sobre isso sem juridiquês chato, porque o assunto é sério demais pra ficar naquela linguagem que só advogado entende.

O Que Diabos É um Trust Afinal?

Antes de mais nada, preciso explicar o básico pra gente estar na mesma página. Um trust é tipo assim: você transfere a propriedade dos seus bens pra uma estrutura legal onde um terceiro (chamado de trustee) administra esses bens em benefício de outras pessoas (os beneficiários). Parece complicado? Vou simplificar ainda mais.

Imagina que você tem uma fortuna em imóveis, investimentos e empresas. Você não quer que quando bater as botas, seus filhos entrem numa briga homérica por herança, gastem metade do patrimônio em advogado e impostos absurdos. Aí você cria um trust. Você coloca tudo lá dentro, nomeia alguém de confiança pra cuidar das coisas, e estabelece as regras de como e quando seus herdeiros vão receber o que é deles.

A grande sacada do trust é que, juridicamente falando, aqueles bens deixam de ser “seus” no papel. Eles pertencem ao trust. Mas você define todas as regras do jogo, inclusive pode se manter como beneficiário enquanto estiver vivo. É tipo ter o bolo e comê-lo também, entende?

Por Que os Trusts Bombaram nos Últimos Anos?

Não é à toa que trust virou palavrinha da moda no mundo do planejamento patrimonial. Algumas razões explicam essa popularidade toda, e olha, não é só por causa de vantagem tributária não (embora isso pese bastante, vamos combinar).

Primeira coisa: proteção de ativos. Vivemos num mundo cada vez mais litigioso. Processo vai, processo vem. Empresário que é empresário sabe que pode acordar numa segunda-feira com uma ação trabalhista, numa terça com um problema societário, e numa quarta com sei lá mais o quê. Quando seus bens estão numa estrutura offshore bem montada, eles ficam blindados dessas confusões. Não é esconder patrimônio (isso é crime, galera), mas sim usar instrumentos legais pra proteger o que você construiu.

Segunda razão: planejamento sucessório sem dor de cabeça. No Brasil, o processo de inventário pode ser um pesadelo kafkiano. Demora anos, custa uma fortuna, e ainda tem o ITCMD (imposto de transmissão) que pode chegar a 8% em alguns estados. Com um trust internacional bem estruturado, você pula essa fila gigantesca. Quando você falece, a propriedade já está lá no trust, então não passa por inventário. Os beneficiários simplesmente começam a receber conforme as regras que você estabeleceu.

Terceira razão, e talvez a mais importante: controle pós-morte. Soa meio mórbido falar assim, mas é a verdade. Você pode literalmente ditar as regras de como seu patrimônio será usado depois que você partir. Quer que seu filho só receba a herança quando completar 30 anos? Pode. Quer garantir que sua neta use o dinheiro pra estudar medicina? Pode também. Quer que sua esposa tenha renda vitalícia mas sem poder vender os imóveis? Tranquilo. O trust te dá esse poder de decisão que vai além da vida.

O Cenário em 2026: O Que Mudou?

Agora vamos ao que interessa. Estamos em 2026, e muita água rolou debaixo da ponte desde que os trusts se popularizaram entre brasileiros com patrimônio relevante. As regras do jogo mudaram bastante, e quem não se atualizou pode estar sentado numa bomba-relógio.

A OCDE intensificou pra valer o combate à evasão fiscal. O Common Reporting Standard (CRS) tá aí firme e forte, fazendo com que os países troquem informações financeiras automaticamente. Aquela história de conta secreta nas Ilhas Cayman virou meme da internet. Hoje em dia, se você tem uma estrutura offshore, pode ter certeza que a Receita Federal do Brasil sabe (ou vai saber em breve).

Mas atenção: saber que existe não significa que seja ilegal. Esse é o ponto que muita gente confunde. Ter um trust offshore, ter conta em banco internacional, tudo isso é perfeitamente legal desde que você declare corretamente. O problema nunca foi ter, o problema sempre foi esconder.

Aliás, empresas especializadas como a Canal Offshore ajudam justamente nesse processo de estruturação legal e declaração adequada. Não adianta nada você abrir uma conta offshore e criar um trust se não fizer tudo dentro das quatro linhas. Aí você só tá cavando um buraco pra cair depois.

As Vantagens Que Continuam Valendo em 2026

Mesmo com toda essa onda de transparência e fiscalização, os trusts continuam sendo uma ferramenta excepcional. Vou listar algumas vantagens que se mantêm relevantes:

Privacidade (não confundir com sigilo fiscal): Existe uma diferença enorme entre privacidade e sonegação. Num inventário brasileiro, qualquer um pode acessar os autos do processo e saber quanto você tinha de patrimônio. É público. Com um trust, suas questões sucessórias ficam num âmbito privado, entre você, o trustee e os beneficiários. Você declara tudo certinho pro fisco, mas não precisa expor sua vida financeira pra qualquer curioso.

Flexibilidade absurda: Os trusts modernos são extremamente flexíveis. Você pode alterar beneficiários, mudar regras, adaptar conforme sua vida muda. Teve mais um filho? Inclui no trust. Seu sobrinho virou um vagabundo? Tira ele de lá. Essa maleabilidade é impossível com outras estruturas mais rígidas.

Proteção contra credores: Em muitas jurisdições que permitem trusts, os bens ali alocados ficam protegidos contra credores futuros (não vale pra dívida que já existe, obviamente). Isso significa que se você montar o trust hoje e daqui três anos tiver um problema financeiro, aquele patrimônio tá protegido.

Sucessão internacional simplificada: Se você tem filhos morando em países diferentes, propriedades espalhadas pelo mundo, a sucessão pode virar um pesadelo de legislações conflitantes. O trust unifica tudo numa estrutura só, regida por uma lei só (normalmente a da jurisdição onde o trust foi criado).

Os Desafios e Armadilhas de 2026

Agora vem a parte que ninguém gosta de ouvir, mas que é essencial: os trusts não são bala de prata. Existem desafios reais em 2026 que você precisa conhecer antes de mergulhar de cabeça.

Primeiro desafio: custo. Montar e manter um trust não é barato. Você vai ter custos de constituição, custos anuais de administração do trustee profissional, custos de assessoria jurídica e contábil. Pra fazer sentido financeiro, geralmente falamos de patrimônios acima de alguns milhões de dólares. Se seu patrimônio é menor que isso, talvez não valha a pena a complexidade toda.

Segundo desafio: a Receita Federal brasileira não reconhece o trust como entidade jurídica separada. Pra eles, você continua sendo o dono econômico daqueles bens enquanto for beneficiário. Isso significa que você precisa declarar tudo no seu imposto de renda brasileiro, declarar na Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE), e ficar atento às regras tributárias. Se bobear, pode acabar sendo tributado duas vezes.

Terceiro desafio: escolher a jurisdição certa ficou mais complicado. Antigamente, o pessoal ia no automático: Bahamas, Ilhas Virgens Britânicas, Panamá. Hoje você precisa avaliar se aquela jurisdição tem boa reputação internacional, se não tá em lista negra da OCDE, se tem tratado de troca de informações com o Brasil. Jurisdições tradicionais como Jersey, Guernsey ou até mesmo alguns estados americanos (Delaware, Nevada) ganharam destaque por serem mais respeitadas internacionalmente.

Quarto desafio: a questão da substância econômica. Não adianta criar um trust numa jurisdição só pra pagar menos imposto se você não tem substância real lá. Os fiscos do mundo todo (incluindo o brasileiro) estão de olho em estruturas que são só fachada. Seu trust precisa ter administração real, decisões tomadas na jurisdição, conexão genuína com aquele local.

E a Tal da Transparência Fiscal?

Vamos falar do elefante na sala: com tanta transparência sendo exigida, ainda faz sentido ter estruturas offshore? A resposta curta é sim, mas com um adendo importante: faz sentido se for feito certo.

A transparência não acabou com os trusts, ela só separou o joio do trigo. Quem usava essas estruturas pra sonegar tá tendo (e vai ter) problemas sérios. Mas quem usa pra planejamento legítimo continua tendo todas as vantagens, só precisa fazer as declarações adequadas.

Inclusive, eu diria que a transparência até valorizou os trusts bem estruturados. Por quê? Porque ficou claro que eles não são ferramentas de sonegação, são ferramentas de planejamento. Quando você declara tudo direitinho, ninguém pode te acusar de estar escondendo patrimônio. Você tá apenas usando instrumentos legais disponíveis pra organizar sua sucessão e proteger seus bens.

A Canal Offshore, por exemplo, trabalha justamente com esse enfoque: estruturas totalmente declaradas, dentro da legalidade, com suporte completo pra você fazer tudo certo. Não tem mágica, não tem atalho ilegal. É planejamento patrimonial sério pra quem quer fazer as coisas do jeito correto.

Trust vs. Outras Alternativas

Vale mencionar que o trust não é a única opção no mercado. Dependendo do seu perfil e objetivos, outras estruturas podem fazer mais sentido.

Tem a holding familiar, que é super popular no Brasil. É mais simples de administrar, tem custos menores, mas não oferece a mesma proteção e flexibilidade de um trust internacional. Funciona bem pra quem tem patrimônio concentrado no Brasil e quer principalmente economia tributária via planejamento.

Tem também as fundações de direito privado (private foundations), populares em jurisdições como Panamá e Liechtenstein. São meio que um híbrido entre trust e empresa. Alguns acham mais confortável porque tem personalidade jurídica própria, ao contrário do trust que é uma relação fiduciária.

Seguros de vida com apólices robustas também entraram forte no jogo do planejamento sucessório. Tem suas vantagens, mas normalmente são complementares ao trust, não substitutos.

A questão é que cada família tem uma realidade diferente. Não existe receita de bolo. Por isso que consultoria especializada faz toda a diferença. Você precisa de alguém que entenda seu patrimônio, sua família, seus objetivos, e desenhe uma estrutura personalizada.

O Veredicto de 2026: Vale ou Não Vale?

Depois de tudo que conversamos aqui, chegamos na pergunta original: em 2026, ainda vale a pena usar trust no planejamento sucessório internacional?

Minha opinião: sim, mas com ressalvas importantes. O trust continua sendo uma ferramenta poderosíssima, talvez a mais completa que existe pra planejamento patrimonial internacional. Mas não é pra qualquer um e não é pra qualquer situação.

Vale a pena se você tem patrimônio internacional significativo, se tem herdeiros em diferentes países, se busca proteção robusta de ativos, se quer controlar sua sucessão com precisão cirúrgica. Vale a pena se você entende que isso é um investimento de longo prazo, não uma mágica pra economizar imposto rapidinho.

Não vale a pena se você tá procurando atalho pra sonegar, se não tem patrimônio suficiente pra justificar os custos, se não tá disposto a declarar tudo corretamente, se acha que vai “esconder” dinheiro do fisco.

A grande mudança de 2024 pra cá foi exatamente essa: os trusts deixaram de ser vistos como ferramenta de evasão e passaram a ser reconhecidos como instrumento legítimo de planejamento. Mas isso só funciona quando você joga limpo.

Últimas Considerações

Planejamento sucessório internacional é assunto sério demais pra deixar nas mãos de qualquer um. Se você tá considerando estruturar um trust, procure assessoria especializada. Empresas como Canal Offshore têm expertise pra te guiar nesse processo, desde a abertura da conta offshore até a estruturação completa do trust, sempre dentro da legalidade.

E olha, não tenha pressa. Esse tipo de decisão precisa ser bem pensada, bem planejada. Converse com sua família, entenda os objetivos de cada um, desenhe uma estrutura que faça sentido pro seu contexto específico.

Os trusts não são perfeitos, mas continuam sendo uma das melhores ferramentas disponíveis em 2026 pra quem quer realmente proteger seu patrimônio e garantir que o legado que você construiu vai ser transmitido da forma que você deseja. Só não esqueça: sempre, sempre, faça tudo dentro da lei. No fim das contas, dormir tranquilo não tem preço.